Lembranças que jamais se esquecem

Autor:  Lurdes Tomé


foto de um pouco antes de viajarmos para o Brasil

 

Cada vez que me lembro da minha infância, lá está Vale de Porco.Depois de se passarem tantos anos ausente, continua viva a imagem bonita de tantas lembranças que  nunca se esquecem.

Gostaria de passar um ano inteirinho por lá para poder desfrutar de todas a estações do ano, pois cada uma tem a sua beleza.

Quando chega a Primavera com suas flores, as amendoeiras e cerejeiras são um espetáculo!. O Verão com a segada dos trigos, e nessa época tinha as parvas. Ah como eu gostava de andar trilhando nas eiras! Mas o melhor era a merenda que as nossas mães levavam. Era muito bacalhau frito, queijo, presunto e outras guloseimas. Depois vinha o Outono com ventos e o cair das folhas. Já esfriava um pouquinho.  Mas o pior era o Inverno.Quantas vezes eu me lembro de ver o meu pai tirando neve da porta de casa!. Mas tudo era farra. Tinha o natal, a matança dos porcos, onde se reunia toda a família e era muito bom.

Quando fiz 16 anos meus pais resolveram vir para o Brasil. Uns dias antes da viajem fomos nos despedir da minha avó paterna que morava na Parada. Nessa altura o meu pai já tinha vendido os animais e pedimos para minha tia Adelaide a burra emprestada, para poder levar castanhas para minha avó. Quando chegamos no rio Sabor, existia uma barca para atravessar quando o rio estava muito grande. Mas a danada da burra não entrou e tivemos que deixá-la num casarão sem telhado e sem portas. Só tinha paredes.

Tivemos então que fechar a entrada com galhos de estevas e ali ficou até o dia seguinte, na ladeira de Meirinhos. Nós seguimos a pé até a Parada muito preocupados, com medo do que poderia acontecer com o animal. No dia seguinte voltamos e lá estava a burra, com fome e toda suja de barro, mas viva, para nossa alegria! Não tivemos duvida,  pegamos água no rio e lavamos o animal para a minha tia Adelaide  não saber de nada. Alguns dias depois, chegou a hora de vir para o Brasil, só que ela nunca soube dessa história!

Hoje estou neste país que nos acolheu como seus próprios filhos, mas nunca esquecemos as boas lembranças do passado.

Postais de Natal

Autor:  Isaias Cordeiro

Olá primas e primos. Não é fácil reunir fotos de toda a gente e neste caso concreto das seis irmãs. Toda vida as quis juntar num franco convívio fosse onde fosse. Qualquer recado dava para pelo menos uma vez na vida termos o prazer de ver as irmãs juntas e ter ao seu lado os mais chegados e no maior numero possível.Também não precisávamos de banquete nenhum, bastava o amor que todos sempre demos uns aos outros. Nunca consegui juntar mais que as residentes em Castelo Branco. As restantes, visitava-as de quando em vez e quando me era possível.

Lamentava não concretizar a minha vontade que a todos transmitia, sempre que se arranjavam desculpas e o tempo foi passando. Afinal os nossos encontros não tardaram! Uma a uma as fomos acompanhando para a sua ultima morada. Olhando para as suas campas meditava: aqui jaz mais uma irmã. Resta-nos a minha mãe, breve terá 92 anos e ainda com alguma força de viver.

Não as juntei em vida por ser difícil, juntei-as desta forma que também não foi nada fácil.
1ª foto:  Elvira - Vilar do Rei
2ª foto:  Natividade - Zava
3ª foto:  Gracinda, Maria e Idalina
4ª foto: Denérida acompanhada do marido (Tio Jaime, entre eles o neto Rui,  filho da Rita e Américo).
A Cris pediu uma foto dos Bisavós, fiz-lhe a vontade e espero que todos gosteis desta pequena lembrança numa quadra tão linda que é o Natal.
Despeço-me num até breve desejando-vos a todos um Santo Natal e um Ano Novo cheio do melhor.
Abraços